INFÂNCIA#1

Publicada por Marinho em 29 - Mar - 2009

Uma infância feliz dura a vida inteira

RECREIO

Publicada por Marinho em 31 - Mar - 2009

Recreius Vulgaris numa Escola Masculina

HI-TECH 1

Publicada por Marinho em 6 - Abr - 2009

Às armas

HI-TECH 2

Publicada por Marinho em 8 - Abr -2009

Caça grossa

Vick e o Grande Rapto

Publicada por Marinho em 9 - Abr - 2009

Actividades de tempos livres

OMOMV, o Planeta Rock

Publicada por Marinho em 15 - Abr - 2009

Eu, com o casaco assertoado do casamento do meu pai, o Slowhand e su camisa blanca, os outros, pelo menos penteados iam, o Rollerando a cavalgar o bacalhau e o Violinha a olhar para cima, concentrado, a ver se ouvia algum helicóptero

Strange, o Plutão do Rock

Publicada por Marinho em 16 - Abr - 2009

O sucesso dos OMOMV, apesar de meteórico e sobretudo metafórico, deixou-nos inebriados. Afinal aquilo de ser rockstar não tinha nada que saber: um par de tintins, uma cena qualquer na mão para não coçar os tintins, uma grade de minis e duas charruas.


Prometo ser esta a última vez, nos tempos mais próximos, que irei abordar estas questões mais consentâneas, quiçá, com um divã de um qualquer psicanalista que nos leva couro, cabelo e esperma.
Começo por vos dizer que o meu nível de teor etílico e de residuos de substâncias psicotrópicas no meu sangue não me responsabilizam pelo que irei escrever, incluindo erros ortográficos, gafes gramaticais, lamechices a la Corín Tellado, e imbecilidades que tais. Tende condescendência de mim, que sou alma pecadora e anunciadora da condição finita da juventude, qual Lord Henry - a mais fascinante personagem de "O Retrato de Dorian Gray", de Oscar Wilde.
Que faço eu às 7 e tal da manhã de um sábado, acabado de chegar de mais uma noitada de jantarada, noite de Bairro Alto, ""Frágil", "Incógnito" e "Lux" a teclar que nem um janado Chopin dos laptops?
Tenho de vos vir dizer umas coisas nunca ditas até aqui.
Amo os meus irmãos. Amo. Nunca lhos disse. Talvez nunca lhos consiga dizer face to face. Mas na minha família fomos habituados a ser assim. Talvez seja uma costela british herdada de vidas passadas. Gostamo-nos muito, somos unidos quando toca a reunir, sabemos que contamos uns com os outros, mas cada um de nós leva as suas vidas para diante, mais ou menos próximos consoante as circunstâncias e conjunturas, mas não nos encaramos para dizer que nos admiramos e que pensamos regularmente uns nos outros e que...nos gostamos muito. Somos homens. Os homens, mesmo sendo irmãos, não dizem estas coisas. Mas há uma coisa que me dá um real gozo fazer - talvez seja uma costela italiana herdada de vidas passadas - que é beijar os meus irmãos sempre que os reencontro. Porquê? Porque só beijo os homens que admiro. E eu admiro-os. Sem eles poderia ser diferente daquilo que sou, seguramente, mas jamais seria melhor que aquilo que sou. Devo-lhes tanto, tanto, mas tanto...deve andar mais ou menos como o défice do BPN.
Não vou aqui dizer que a minha família é a melhor do mundo. Não, não é. Mas, há fins-de-semana em que dou por mim a contemplar os meus pais enquanto dormitam no sofá, e apetece-me cingi-los num apertado abraço de gratidão por tudo quanto se sacrificaram para nos proporcionar aquilo que, na ideia deles, seria melhor para o futuro de cada um de nós. Educaram-nos sem falhas? Claro que não, Mas correspondemos nós aos sonhos que projectaram nas nossas pessoas? Também não (excepto o Paulo, talvez).
E dou por mim a olhar para os meus pais, a ver a cada dia mais visíveis as fragilidades inerentes ao avançar da idade e amedronto-me e enterneço-me. Acreditem que ainda não consigo conviver com a probabilidade de um dia perder um deles ou os dois. Nunca ninguém me vai amar como eles. E já tive a minha dose de amantes para saber que nunca nenhum me amará da forma incondicional como eles o fazem. Assusta-me perdê-los? Muito. Mas não é acerca disso que vos quero falar.
Quero aqui deixar registado que adoro os meus irmãos incondicionalmente e que, quando me perguntam, mesmo entre paródias debaixo dos lençóis, quem são as pessoas que mais amo neste mundo, respondo sempre que são os meus pais, irmãos, cunhada - a filantropa da Barquinha, senhora de 1101 actividades, profissional dedicada e mãe extremosa - e os meus sobrinhos - os meus "filhos", com a vantagem de não os ter de educar, fazer crescer, alimentar, etc. Vocês conhecem os meus sobrinhos? São os putos mais fixes do mundo e giros, bué giros, e muito inteligentes e muito à frente. Adoro-os e, acreditem, também acho que nem sei demonstrar-lhes o quanto. Mas sempre fui assim. Facilmente me entrego em afectos e carícias e palavras lisonjeadoras com quem tenho uma simples one night stand e depois acabrunho-me e e bloqueio perante quem mais amo.
E o Marinho no meio disto tudo? Para além de ser um pai fabuloso - acreditem, ele nunca tem de levantar a voz para se fazer obedecer -, ensinou-me muito. Se ainda hoje tenho os meus vinis muito bem conservados, a ele o devo. Eu e o Paulo aprendemos com ele a estimar cada uma daquelas rodelas como um troféu. Receio que os meus sobrinhos já não venham a perceber este preciosismo, este desvelo, este carinho por uma rodela de vinil. Afinal, eles são de uma geração em que tudo é descartável, reciclável, fútil, com prazo de validade estabelecido. Fazem download e ouvem uma música com o desprendimento que um gajo usa para bater uma para aliviar a tensão. Faz-me espécie? Faz. Nós ponderávamos seriamente cada compra, dissecávamos cada LP, decorávamos todas as letras, descobriamos e bebiamos cada harmonia, cada ritmo.
Havia um ritual naquela casa. Sempre que o Marinho chegava com um disco novo, era vê-lo a tirar a rodela de vinil com cuidado, a passar a esponja por ela, como quem polia as taças de corridas ganhas, a deleitar-se a sós, na sala, com o som emitido pela Woltham. E, claro, os "putos" estavam proibidos de tocar no disco novo durante uns três a quatro meses. Aprendi com o Marinho a olhar para cada disco adquirido como se um troféu se tratasse, uma recompensa por um mês de trabalho. Não me venham com merdas, faz favor. Um download não proporciona o mesmo gozo. Eu sei do que falo.
Com o Marinho aprendi a ser homenzinho, a deixar de chamar atenção da família com estéreis birras. Afinal, como ele me disse quando eu tinha para aí uns 9 anos: "temos aqui mariquinhas ou temos o quê?". E assim é que é falar. As cenas de hoje em dia das falinhas mansas e do não se poder dar um estalo a e não se poder contrariar uma criança não nos vai levar a um final feliz. É que os putos de hoje não estão preparados para conviver com um "não". Porém, é certo e seguro, vão escutar muitos ao longo da vida. Acreditem, andamos a criar uns adultos mais frágeis que porcelana Vista Alegre. Há que crescer, e o crescimento implica nódoas negras, desilusões, amargos de boca, desarranjos intestinais, levar e dar pontapés e socos. O mundo está cada vez mais competitivo. Trabalho numa multinacional americana e, garanto-vos, não basta ter-se as ferramentas e habilitações requeridas. Exige-se mentalidade devidamente arrumadinha, ágil, resistente a stress e contrariedades e disponibilidade para se dedicar 12 a 14 horas à empresa, se necessário for. Vai daí, é dar-lhes com o cinto e também ninguém fica psicologicamente afectado por levar umas descargas eléctricas atrás das orelhas. Não queremos cá mariquinhas. So...obrigado brotha Marinho. Valeu o reparo, na altura. Tenho muitos amigos gays, mas nenhum deles é mariquinhas. Graças ao meu brotha grande, não tenho paciência para homenzinhos armados em gajinhas e complicadinhos dos nervos, ainda para mais sem mamas e sem curvas que se apresentem. Gajo que é gajo, mesmo sendo gay, tem mais é que ser um homenzinho e saber comportar-se como tal. É ou não é? Não é chegar-se a um qualquer ginásio e, sem se estar à espera, levar- se com o seguinte comentário do "colega" do lado: "Oh Deus Meu, que nunca vi um orgão reprodutor masculino tão bonito na minha vida! Quem foi o cirurgião plástico desta obra prima?". Oh for God's sake! É por estas e por outras que não me apanham no Holmes Place. E, depois, também embirro um bocadinho com esta mania que deu nas pessoas do comer saudável, do viver saudável, do fazer amor saudável, etc saudável e saudável. Tudo bem que devamos ter certos cuidados. Eh pá, mas não me andem sempre a violar os ouvidos com a mesma cera que, sabem como sou, ainda acabo com vontade de fazer exactamente o contrário. Acreditem, tenho saudades do tempo de criança em que uma pessoa comia manteiga e a manteiga era apenas manteiga - e com sal, ah pois é - e não essas margarinas suspeitas cheias de químicos que combatem o colasterol, a acne e a flacidez peniana. E os iogurtes não tinham cá as merdas que regulam o trânsito intestinal como polícias sinaleiros para estrumarmos os campos a tempo e horas do semear da batata de sequeiro.
E os paposecos? Lembrai-vos dos paposecos da padaria Nova? Tinham um cheirinho e sabor irresistíveis. Ao fim de 2 ou 3 dias ainda eram comestíveis, acho eu, porque em minha casa ao fim de um dia iam para a galinha pedrês da avó Emília. Agora a porcaria do pão, aquele empacotado com nomes muita estúpidos, género "Bimbo" ou "Panrico", vêm com rótulos que mais parecem uma bula de um qualquer complexo vitamínico à venda na farmácia da Barquinha. E o cheiro? Eh pá, desculpem mas este pão cheira mal! Foda-se, men, eu não como essas merdas e recuso-me a ingerir leite de soja e o diabo a sete e para trás mija a burra que atrás vem gente e o tempo urge e a Amélia muge e os meus intestinos funcionam como um Rolex mas é graças ao feijão, cenouras, cebolas, grão, bróculos e grelos que ingiro. E os vegetarianos, fanáticos dessa merda andrógina que dá pelo nome de tofu, que nem pensem que me tiram a carne vermelha da dieta, que eu viro um lobo mau! Estamos conversados?
Com o Marinho aprendi a escutar atentamente opiniões contrárias às minhas, a alinhavar argumentos para as rebater e, acreditem, se ainda hoje, no Bairro Alto, ouvi um elogio vindo de militantes da CDU que, mesmo sabendo ser eu um CDS convicto, disseram que eu era uma pessoa com quem tinham gosto em debater política por ser de uma meritória tolerância e respeito para com ideias diferentes, com o Marinho aprendi a ser assim. Pois é, habituei-me a ouvir o mano grande - que votou sempre do Otelo para a direita - a apregoar as virtudes do contra-poder, da força proletária e intelectual de esquerda e a alertar-nos para a vida sexual infeliz que teriam todos os democrata-cristãos e social-democratas tomarenses, que não saberiam distinguir uma pevide de um tremoço, etc, ect...só eu e Deus Nosso Senhor sabemos o que ouvimos. Mas para vos provar , enquanto democrata-cristão, que sei distinguir um tremoço de uma pevide, sempre vos posso dizer que o tremoço é aquela porcaria que cheira a nhanha.
Com o Marinho, descobri as crónicas do MEC, ainda no "Expresso". Aquelas crónicas também fizeram de mim um homenzinho e a ter maior tolerância com os burgessos do burgo Portucale.
Com o Marinho aprendi, qual Florisbélia, a ser rico em sonhos e pobre, pobre em ouro, a dar mais importância ao ser que ao ter - o que para a esmagadora maioria dos tomarenses, principalmente para os da gera do meu mano mais novo e vindouras não é facilmente inteligível.
Com o Marinho aprendi a ser um homem e a só deixar tremelicar as nalgas quando está frio. Homem que é homem anda firme e hirto. É que nós ainda somos do tempo em que os homens que se vestiam de mulher punham umas ceroulas por baixo para não mostrarem os pêlos das pernas. Havia decência, pronto. Agora, com o MRPP do Sócrates, está a pouca vergonha instalada. Temos mariquinhas, oh que merda vem a ser esta?





4 Response to "O teor etílico e de substâncias psicotrópicas não me responsabilizam"

  1. Marinho Said,

    Assim que ouvi falar em álcool e psicotrópicos vim logo a correr. E que grande moca se apanha aqui. Grátis! Supremo, mano. Obrigado e desculpa. E pronto, em reconhecimento à memória da Corin Tellado e ao David Carradine acrobata sexual, ADORO-TE, caralho. Venha de lá essa beijoca!

     

  2. luí Said,

    pues leido lo leido ,a vossa familia si nao é a melhor do mundo e uma das melhores , a minha tambem é so que nao posso ver mis papas no sofa y eso es jodido, pero bueno los imagino alla donde esten juntos en un sofa voador e sin problemas

    enhorabuena porque este es un texto precioso que ademas me resulta muy familiar
    eu tambem recibi algunas ostias e muitos naos, tambem tenho um irmao maior que nunca me dejaba quitar el plastico de los LP y menos tocarlos con mis manitas, pero tambem tenho outros mais novos para vingarme neles, e nao tenho trauma nenhum

    é a ventagem de ser irmaos do meio, sempre um poco desubicados y andando pela vida a un palmo do chao pero sonriendo
    :-)

     

  3. Marinho Said,

    Ola luí,
    bienvenida a la familia. Beso.

     

  4. A Said,

    Ok... desculpem lá a "mariquice" mas depois de ler este post fiquei com a lágrima nos olhitos...

     

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