INFÂNCIA#1

Publicada por Marinho em 29 - Mar - 2009

Uma infância feliz dura a vida inteira

RECREIO

Publicada por Marinho em 31 - Mar - 2009

Recreius Vulgaris numa Escola Masculina

HI-TECH 1

Publicada por Marinho em 6 - Abr - 2009

Às armas

HI-TECH 2

Publicada por Marinho em 8 - Abr -2009

Caça grossa

Vick e o Grande Rapto

Publicada por Marinho em 9 - Abr - 2009

Actividades de tempos livres

OMOMV, o Planeta Rock

Publicada por Marinho em 15 - Abr - 2009

Eu, com o casaco assertoado do casamento do meu pai, o Slowhand e su camisa blanca, os outros, pelo menos penteados iam, o Rollerando a cavalgar o bacalhau e o Violinha a olhar para cima, concentrado, a ver se ouvia algum helicóptero

Strange, o Plutão do Rock

Publicada por Marinho em 16 - Abr - 2009

O sucesso dos OMOMV, apesar de meteórico e sobretudo metafórico, deixou-nos inebriados. Afinal aquilo de ser rockstar não tinha nada que saber: um par de tintins, uma cena qualquer na mão para não coçar os tintins, uma grade de minis e duas charruas.

Féri(nh)as

Publicada por Marinho On 5.5.09

O dolce farniente é uma ocupação maravilhosa, a que nos dedicávamos de alma e coração. Era pena termos que renunciar a este axioma durante as férias, porque aí o essencial era fazermos alguma coisa. Aliás, já o Shakespeare dizia ,“se se passou o ano inteiro em férias, divertir-se será tão cansativo como trabalhar”. Até o velho Herodes cantava, ou te.........

O contexto, à época, era propício à experimentação sensorial: não havia mp3, consolas, dvd’s, telemóveis e o caroço. A televisão, se bem que acima do que mostra hoje, já era uma droga de má qualidade e facilmente secundarizada pela real thing. Assim, havia que inventar. Praticamente tudo: cumbú, primeiro que tudo (as semanadas mal davam para o tabaco avulso do Aldrabão ou para as vaquinhas sempre necessárias); esquemas ocupacionais e relacionais; desculpas para atrasos, descortanços, fins-de-semana prolongados, cheiro a tabaco, cachimbos de prata no frigorífico...

A piscina (municipal, Vasco Jacob – “cuidado com o Jacobino, olha o gajo a domar!”) era um local de eleição para a desbunda de Verão. Ajudávamos a cena a abrir, às 11h, carregados de farnel (aqueles que tinham a sorte de as mães não irem para lá fazer renda), cartas e tabaco. A essa hora os banhistas eram parco número e a água ficava só por nossa conta. Até às 14h aproveitávamos para alargar a caixa, enrijar a pele, encher a mula, desafiar o cancro solar, jogar umas kingalhadas e enrolar umas.

Depois começavam a chegar os add-ons que enriqueciam a experiência aquática: brunas, totós, cocós e mais brunas. Até estrangeiras, men! A actividade da pandilha recrudescia de intensidade, inventiva e espectacularidade. Bombas de cabeça da prancha de 5, saltos de anjo com chapão incorporado, saltos da prancha para o cimento (saravá Rosarinho), baptizados, amonas assassinas, bodyboarding no lava-pés, fracturas de clavícula... Todo um repositório das possibilidades abertas por um espaço admirável potenciado por assomos de criatividade janada.

A loucura instalada naquele rectângulo azul e na verdura refrescante que o circundava era agudizada pela estridência dos apitos dos vigilantes, Jacobino à cabeça. Eles pretendiam que a piscina tivesse ambiente de casa de repouso, o que não era coadunável com “grupos de jovens vândalos e histéricos” (era assim que a imprensa nos apodava), com tanta carne à mostra e com as alterações quimicamente induzidas. Aos defensores da moral e dos mergulhos sem salpicos, era-lhes difícil lidar com 20 gajos e gajas a jogar à apanhada por toda a piscina (incluindo balneários, bar e mesmo o rio que a bordejava), utilizando os outros 300 banhistas como escudos, esconderijos ou iscos; ou aceitar que os baptizados (4 gajos pegam noutro pelas extremidades, balançam-no, de preferência até ao enjoo, e atiram-no simpaticamente para a água, preferencialmente de forma a causar o máximo de dor possível), uma vez proibidos para a água, continuassem a praticar-se em ambiente sólido (a relva era quase fofa); ou ainda, gerir as queixas das meninas que iam reclamar de terem sido apalpadas ou a quem tinham puxado a calçonete. Eu e o Fak’s formávamos uma equipa de estalo para as missões de search and dirty touch: ambos submersos, ele mais rente ao fundo, eu mais superficial, escolhíamos a vítima e agíamos concertadamente na garfadela, apalpa aqui, agora ali, abaixo, em cima... e dar de frosques a barbatanejar por ali fora.

A incompreensão das autoridades e o grande desconhecimento sobre os sofrimentos da adolescência que nos levavam a fugir dela para a frente, para trás e para os lados, levavam a que a injustiça se abatesse sobre nós: “portaste-te mal, partiste dois vasos e molhaste duas velhinhas, por isso vais ficar o resto do Verão sem pôr aqui as patas!” Isto é verídico, e calculem o estigma, as horas de inacção e de inexperiência que uma pena destas acarretaria para uma mente em formação, como era a do Ninis. A solidariedade, que à época tinha um significado meramente sindicalista, apossou-se do “grupo” (massa informe, composta por todos os amigos da ponte velha). E alguém (provavelmente um gajo com tendências ocultas para a diplomacia) se lembrou de propor uma solução de compromisso: “Sr. Vasco, em vez de castigar o Ninis até ao fim da época, castiga-nos a todos durante 15 dias. Hã, o que é que acha?”

O negócio era irrecusável: 15 dias sem causadores de problemas era muito melhor que livrar-se de apenas 1. Eram quase umas férias comparados com a normalidade. Foi aceite com agrado e a nossa cotação subiu aos olhos dos agradecidos, mas levantava-nos um problema: e agora? Vamos fazer o quê e para onde? Recorde-se que nos late 70’s, para adolescentes, o tempo era uma entidade bastante mais opressiva e rarefeita do que agora, em que as coisas se fazem cada vez mais depressa e em que cada vez temos menos tempo para as fazer. As tardes quentes de Verão, os 3 meses inteirinhos de lãzeira, só eram suportáveis havendo desbunda.

Felizmente abundavam as estruturas necessárias à aplicação de competências várias e as mentes criativas eram senha de entrada para o “grupo”: but’aí explorar o património arquitectónico-paisagístico da Nabantia! A Mata dos Sete-Montes, o Castelo e o Convento, passaram a fazer de piscina, nessa memorável quinzena.

(To be continued)



Banda Sonora


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