INFÂNCIA#1

Publicada por Marinho em 29 - Mar - 2009

Uma infância feliz dura a vida inteira

RECREIO

Publicada por Marinho em 31 - Mar - 2009

Recreius Vulgaris numa Escola Masculina

HI-TECH 1

Publicada por Marinho em 6 - Abr - 2009

Às armas

HI-TECH 2

Publicada por Marinho em 8 - Abr -2009

Caça grossa

Vick e o Grande Rapto

Publicada por Marinho em 9 - Abr - 2009

Actividades de tempos livres

OMOMV, o Planeta Rock

Publicada por Marinho em 15 - Abr - 2009

Eu, com o casaco assertoado do casamento do meu pai, o Slowhand e su camisa blanca, os outros, pelo menos penteados iam, o Rollerando a cavalgar o bacalhau e o Violinha a olhar para cima, concentrado, a ver se ouvia algum helicóptero

Strange, o Plutão do Rock

Publicada por Marinho em 16 - Abr - 2009

O sucesso dos OMOMV, apesar de meteórico e sobretudo metafórico, deixou-nos inebriados. Afinal aquilo de ser rockstar não tinha nada que saber: um par de tintins, uma cena qualquer na mão para não coçar os tintins, uma grade de minis e duas charruas.

Strange, o Plutão do Rock

Publicada por Marinho On 16.4.09

O sucesso dos OMOMV, apesar de meteórico e sobretudo metafórico, deixou-nos inebriados. Afinal aquilo de ser rockstar não tinha nada que saber: um par de tintins, uma cena qualquer na mão para não coçar os tintins, uma grade de minis e duas charruas. Isto era o chá para a atitude e esta era a mãe da auto-confiança. O resto era puro tédio a precisar de electricidade.

Na altura, 17-18 anos era a tábua de chamada para o salto para a adultícia. Não havia novas oportunidades, só velhas. Eu tinha acabado o Propedêutico (método de estudo inovador: 1 – acordar só um lado do cérebro; 2 – dirigirmo-nos à sala, com um cobertor; 3 – ligar a TV no canal com as lições do propedêutico; 4 – retirar o som à TV; 5 – Meter o Wish You Were Here a rodar; 6 – deitar no sofá, pôr o cobertor por cima, fechar os olhos e ouvir a matéria a desfazer-se contra os sonhos) e havia que começar a adivinhar o destino.

Por vicissitudes várias, tipo 15 dias sem os pais em casa e a estudar em grupo, o meu rumo em direcção ao estrelato jurídico ou da comunicação social, ficou comprometido por uma média amputada daquela parte importante referente ao estudo propriamente dito. Refira-se, em minha defesa, que os exames eram em Santarém e que costumávamos almoçar em Almeirim. Ora, 1 litro de tinto por cabeça, dispunha-nos de forma bestial para a Filosofia. Mas na altura ainda não havia genéricos, pelo que as outras disciplinas se ressentiram do princípio activo e da dosagem.

Como não havia Magalhães nem painéis solares para vender e Tomar já vogava na espiral descendente da sua ruína económica, o futuro tinha uma cor esquisita, tipo merda. Como músicos de bancada com vontade de também dar uns toques na chincha, éramos uma espécie de roadies d’O Trevo, outra banda dos anais de Tomar (o outro, famoso pelos anais, era o Kiki; tão famoso como o Reinaldo, mas aquele tinha um Porsche). Ao vermos aqueles pros a tocar, a desbundar largo, percebíamos que aquilo é que era: rockar de noite e curtir de dia.

Soubemos entretanto que uma banda da 2ª divisão procurava um guitarra, um baixo e um vocalista. A formação ainda envolvia um saxofonista militar, que tocava sozinho e queria ser maestro; um baterista incendiário (mesmo) e que só sabia tocar com os pés; e um órgão mentecapto que só usava uma mão. No casting tive que eliminar o Henry Bellevue, com uma interpretação arrasadora do “Tristeza, Por Favô Vá Imbora”.

Embora desconfiados da mix urbano-rural que se preparava, dos cheiros que o nosso tabaco deitava e das inclinações punk que dificilmente disfarçávamos, os três ex-OMOMV foram contratados em transferência livre por uma banda que, premonitoriamente, os labregos entenderam apelidar de STRANGE.

Impante da minha arte e ofício, anunciei em casa que a partir daquela hora passaria a viver do, e para o, rock’n’roll. Omiti a parte do sex and drugs, e em conjunto com o Slowhand Fak’s, montámos uma tenda de chill-in no defunto Parque de Campismo. Vivíamos lá, mas mantínhamos os laços familiares à hora da refeição (não há sopinha como a da mamã).

A primeira aparição foi num “baile das inspecções”, na Aula Magna da A.C.R. da Linhaceira. Ultrapassado o nervosismo inicial (curto; para aí umas 2h...), compreensível para quem tinha os pais e o irmão caçula a assistir, mais uma bruna que eu queria sacar, chegou o intervalo. Como os bailantes continuavam a embebedar-se alegremente e a dançar e tudo, percebi rapidamente que a aparelhagem de vozes jogava a meu favor, ao fazer com que a minha voz envidraçada saísse completamente atropelada pelos outros instrumentos. Isso contribuía para libertar a minha veia criativa, muitas vezes aperreada pela obrigação em fixar a densa poesia lírica decorrente de músicas como a já citada “Tristeza”, o “Chove Chuva”, o “Perompompero” ou o “Lady Laura”. Mais, havia músicas em estrangeiro, “Starway to Heaven”, “Another Brick on The Wall”, etc. Com a voz esmigalhada por uma espécie de vocoder embebido em ácido, apenas me preocupava em debitar a melodia o mais alto que conseguia, regando-a com as terminações das palavras ou profusos “eslaba washa, washa washa, spriva sprava, tazamburri...”

O intervalo era sempre a parte mais importante dos bailes: frango & beer à discrição, brunas a servirem os artistas (acompanhadas das mães) e jogo do descorta (“vou ali fora cagar, já venho”; “eh pá, per’aí que eu também ‘tou cheio de dor de barriga”; “cum caroço, atão os mens esqueceram-se do papel higiénico!? Vou lá levar-lhes um rolo”). Depois do intervalo, mais aliviados, e com o reforço de 2 grades de minis no palco para ir molhando a palavra, a entrada em palco era digna dos comícios do PS: “Paso Doble – Acid Remix”, em pose de spasticus autisticus. Esta versão dava para 15 minutos de continuous play, às vezes mais se o pessoal lá em baixo já andava engatado à porrada.

Com os quilómetros on the road, o nosso profissionalismo foi crescendo e fomos melhorando a nossa performance: já dominávamos sem problemas os pedidos do público (“aquela do hihó, põe o dedo no ó”; “a do silva pereira”; “a calona blanca, caralho! Não conheces a calona blanca!? Uma calona blanca, tãnãnã, foda-se! Porra, atão vou aí cantar eu”); eu desenvolvi a mesma capacidade do prof. Marcelo, ao ser capaz de cantar, tocar pandeireta e segurar as colunas em simultâneo, acompanhando os movimentos que a vaga de pessoal à trolha ia descrevendo, em estéreo; inventámos o wrestling-mosh, quando algum cabrão se metia com a nossa ganduia.

Só nos zangámos uma vez, numa festa de casamento, porque começou de manhã e porque a subida para os pavilhões da FAI foi feita a vapor e escalada, o que levou a que a moca fosse potenciada pelas endorfinas, e isso caiu mal ao Rollerando. A meio de uma música, deu duas broas no baixo e atirou-o para o chão. O público não percebeu a alegoria mas respondeu bem: sirva-se o almoço!

A nossa carreira ver-se-ia brutalmente interrompida por algo de inédito no mundo das artes e espectáculo: por causa de umas gajas. Tipo, eu troquei de namorada, abandonando uma seguidora de primeira hora e amiga do sargento, e a nova Yoko Ono não foi bem recebida pelos donos da banda, talvez por ser loira e ter big boobies.

As dissensões foram-se sucedendo a um ritmo techno, e eu apostei nas boobies em vez de apostar na arte. Foi pena. Se tivéssemos continuado talvez ainda pudéssemos ter tocado no grupo da Janja e papá-la, com o Escorbuto a fazer o som. Melhor que Mão-Morta.



Georgie Dan - Paloma aka Calona Blanca

Gracias Luí

2 Response to "Strange, o Plutão do Rock"

  1. A Besta Said,

    Strange....q moca....sintetizador de botões...o gajo parecia um passaro...e o outro o zé da mota, baterista com queda para mecânico! Bem caracterizada a banda..o que um gajo não tem de fazer men...lembras-te? Marco Paulo é que não! Isso não carago!!! lol

     

  2. Marinho Said,

    Já não me lembro de bué de cenas, tipo os sítios onde tocámos e quê. Mas ainda me lembro que no Vale Florido aquilo acabava sempre com mocada. Altos concertos e enxertos.

     

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