INFÂNCIA#1

Publicada por Marinho em 29 - Mar - 2009

Uma infância feliz dura a vida inteira

RECREIO

Publicada por Marinho em 31 - Mar - 2009

Recreius Vulgaris numa Escola Masculina

HI-TECH 1

Publicada por Marinho em 6 - Abr - 2009

Às armas

HI-TECH 2

Publicada por Marinho em 8 - Abr -2009

Caça grossa

Vick e o Grande Rapto

Publicada por Marinho em 9 - Abr - 2009

Actividades de tempos livres

OMOMV, o Planeta Rock

Publicada por Marinho em 15 - Abr - 2009

Eu, com o casaco assertoado do casamento do meu pai, o Slowhand e su camisa blanca, os outros, pelo menos penteados iam, o Rollerando a cavalgar o bacalhau e o Violinha a olhar para cima, concentrado, a ver se ouvia algum helicóptero

Strange, o Plutão do Rock

Publicada por Marinho em 16 - Abr - 2009

O sucesso dos OMOMV, apesar de meteórico e sobretudo metafórico, deixou-nos inebriados. Afinal aquilo de ser rockstar não tinha nada que saber: um par de tintins, uma cena qualquer na mão para não coçar os tintins, uma grade de minis e duas charruas.

Hi-Tech em pontas

Publicada por Marinho On 8.4.09

Armas #2

Conforme já superiormente relatou o nosso confrade Ze Libanho, o relacionamento do ppl com os pássaros foi sempre um bocado turbulento (Bum!). Mais pequenos, conseguíamos abater alguns à calhoada, actividade incluída no treino militar para os confrontos reais.

Todavia, ir à caça foi algo que só fizemos uma vez. Naquele domingo soalheiro e morno em que a cidade já não nos podia ver, decidimos combinar uma caçada na machamba do Juka: uma adega isolada e confortável no meio de um bom pedaço de campo, preparada para esquemas mais adultos que os nossos da época. Kalí, Fak’s, Ouribélix, Ssekou, Bazinho, Juka e Je, lá fomos de arma às costas pela encosta acima (bem à vontade, 5 Km a penates, sempre a subir; poucos aditivos, havia crise, só 2 ou 3 zurguitas). Eu não tinha arma mas a generosidade dos capangas permitia-me esticar o gatilho. Durante o caminho, arrebentámos logo 2 das zurguitas, gastámos quase uma caixa de chumbos a atirar aqui e ali e matámos um pássaro que já devia estar morto.

Chegados ao objectivo, repousámos brevemente enquanto se acabava com o sofrimento de haver pouca zurga. Comemos farnel e pusemo-nos a caçar pássaros (não me lembro do que levava, mas lembro-me que o Kalí, que era o poste-alto da pandilha, descobriu numa prateleira um frasquinho com queijos do pai do Juka ; apesar dos protestos do herdeiro, num prenúncio das desgraças que lhe aconteceriam em Torremolinos, os queijos souberam-nos muito bem).
Mas os pássaros, ou por estarem todos a voar ou a ver a Gabriela, não eram nada colaborantes nem visíveis e nós estávamos a precisar de Visadron. Frustração puxa frustração que, por sua vez, apela à imaginação doentia e, plim! alguém teve a ideia luminosa e salvadora: ” – But’aí fazer uma cena tipo índios e cóbois, djôs!
– Ya, men, altamente. Já ‘tou farto de andar a micar os cabrões dos pássaros.
– Fixe! Ok, uns vão defender a adega, tipo o forte, ‘tázaver men? Os outros são os assaltantes.
– Ya, e quem ganhar come o resto dos queijos!

Eu fiquei do lado dos sitiados, com o Juka, o Ssekou e o Bazinho. O poder de fogo e os movimentos concertados dos assaltantes, a dificuldade em obedecer a um comandante tão estridente como o Juka e o facto de não ter arma, levaram a refugiar-me dentro do forte na perspectiva de ainda haver algumas aparas de queijo, no que fui rapidamente acompanhado pelos restantes resistentes. Calmamente sentados enquanto o Juka e o Bazinho, cada um à sua maneira (o Juka a desatinar em italiano e o Bazinho a fazer rir o pessoal com os sons que emitia) defendiam o castelo, o Ssekou e eu preparávamo-nos para fumar um SG Ventil a meolas. O Juka começou a destinar largo com o Ssekou: “És um frouxo, coglione! Dá uns tiros caralho! Foda-se, só vêm aqui para comer ou o caralho!” O Ssekou passou-se e levantou-se para o ir abanar. Nesse momento, os invasores já estavam muito próximos e o Kalí, num momento de rara inspiração, disparou um tiro contra a porta de ferro da adega. O chumbo ricocheteou e foi-se cravar bem no meio da testa do furioso Ssekou, que levou a mão à fronte, levou 5 segundos a perceber o que se passou e atirou-se para trás em estado cósmico. Eu gritei que havia feridos, o Juka gritou ainda mais alto, mas a gente não percebia nada de italiano.

– Parem lá com essa merda! O Ssekou levou um tiro nos cornos, men! – As gargalhadas irromperam acompanhadas do som de vidros partidos: a última janela intacta da adega acabava de ir para o galheiro. Se calhar era por isso que o Juka estava nervoso. E por causa dos queijos.
– Caguei nessa merda! Rendem-se ou não? – Vociferava o Kalí. Depois de terem verificado que a aflição era genuína, os assaltantes, sem pararem de se rir, inteiraram-se do estado da vítima, genuinamente pálida e com uma bela incrustação metálica emoldurada por um inchaço numismático. Todos, menos o Ouribélix, que tinha aproveitado a guerra no campo para fazer uma cagada ecológica. Quando ele se aproximou do objectivo, furtivamente, sem saber dos últimos desenvolvimentos, deparou com o Juka, de costas, à entrada da adega. Mira alçada e chumbada na peida!
– Aiiiii! Quem é que foi o cabrão? Foda-se pá, então tu não vês que já estamos parados? E disparas pelas costas? Foda-se! – O Ouribélix, que sempre foi um gajo com um fair-play do tamanho do seu coração, calmamente, disse-lhe: – Vira-te lá! – E o Juka virou-se, pronto para despejar mais meia-dúzia de pragas italianas. Tau! Mais uma chumbada na canela magrinha.
– Pronto, esta agora valeu! - disse o Ouribélix convictamente.

Foi difícil fazer com que o Juka aceitasse desculpas e convencer o Ssekou que aquela medalha no meio da testa mal se notava, mas depois de vários avanços e recuos, e sob ameaça do Ouribélix de que ia começar a fazer tiro ao alvo com as garrafas de colecção do pai do Juka, lá se chegou a entendimento e regressámos ao divertimento de nos chumbarmos uns aos outros. Parecia que estávamos a brincar aos professores! Como andávamos por perto da Mata (também há-de merecer capítulo), alguém descobriu o tipo de actividade que vínhamos a desenvolver e foi já com as fileiras engrossadas pelo Meká e mais uns gajos que não recordo (o Mertolas também apareceu por lá, acho) que continuámos o nosso dia de caça. O Kalí aproveitou para dar mais dois tiros nas costas do Juka, um dos quais lhe furou a camisa de cetim.

Quando um carro se começou a aproximar e verificámos que era o do pai do Juka, educadamente, escondemo-nos e fugimos rapidamente dali para fora. Todos, menos o Juka,. Face ao rasto de destruição e ao facto de na altura ainda não se acreditar muito em ET’s, teve dificuldade em explicar o que se passara sem que o pai se passasse. Foi bem feito! Ninguém o mandou ficar armado em invejoso dentro da adega a guardar as garrafinhas do pai.

1 Response to "Hi-Tech em pontas"

  1. A Besta Said,

    Fartei-me de rir com o teu post! Está espectacular!!! Bem escrito e com uma pinta suprema! Cais paintball cais carago....

     

Enviar um comentário

    Visa Drone

    Orquestrada - Oxalá Te Veja